terça-feira, 9 de fevereiro de 2010






E viva a arte


Em recente mostra interna, de uma faculdade de arte de BH, escola Guignard- a jovem artista Tatiana Cavinato, bem dentro dos impasses contemporâneos, brinca com as idéias. Seu trabalho consiste numa linha reta, branca traçada ali no chão. Aí é instalado o frango que fascinado pela linha, bico voltado para o chão, contempla a linha sem que nada o distraia. Por outro lado o espectador, fascinado pela cena, no mesmo espaço de tempo também observa e dali não descola seu olhar.


Se pensarmos que um dos sentidos da palavra diretriz no nosso Aurélio é linha reguladora do traçado de um caminho ou uma estrada, por certo não deixaremos de dar boas gargalhadas ao pensarmos que os atuais manuais de diretrizes diagnósticas nos lembram um pouco essa linha que hipnotiza, dispensa o raciocínio e nos puxa para o fascínio do puro olhar. Mas, como o Aurélio também traz o sentido matemático de tal palavra, diretriz diz respeito a uma linha ou superfície da qual se gera outras linhas ou superfícies que torna possível traçados e caminhos inusitados, fazendo até com que se possa escrever certo por linhas tortas. E sem precisar ser Deus, aliás sendo só humano, demasiado humano. Melhor para nós.


Dirigir um tratamento é em primeiro lugar, fazer com que o sujeito cuja presença não se pode anular, construa suas diretrizes. (...)


Caso contrario, o risco é ficar como o frango fascinado pela linha, na ilusão que a tecnologia traria a resposta ultima para nossas angústias. Sem dúvida ela nos ajuda, desde que não fiquemos na postura do amansador de feras, que na segurança de tê-las domado todas, se surpreende por que recebeu no próprio pescoço o efeito de seu desconhecimento: as pessoas não são todas domesticáveis.
(...)

Gilda Paolello/Vanda C. Pignataro Pereira, jornal O Risco- Publicação da Associação Mineira de Psiquatria.

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