terça-feira, 12 de maio de 2015



 s. título/ 2015 / óleo sobre tela/ 28x25cm





 s. título/ 2015 / óleo e spray sobre tela/ 28x24cm


s. título
2014
óleo sobre tela,38x36cm



s.título 2014
 acrílica e spray sobre tela 116x80cm.



s. título 2014
acrílica, carvão e colagem sobre tela,
106x69 cm


s. título, 2014
óleo sobre tela 43x51cm



s. título 2014
óleo sobre tela 46x44cm


s. título 2014
tinta acrílica sobre tela 83x55cm


s. título
2014
acrílica sobre tela 83x55cm


s.título 2014, 
óleo sobre tela 
36x47cm.



s. título
2015
75x63cm



s. título
2014
acrílica e spray sobre tela 115x76cm



s. título
2015
143x155cm



s. título
2015
99x70cm



s. título
2015
98x81cm



s. título 2014
acrílica sobre papel
40x30 cm


s. título 2015
nanquim sobre papel
40x30 cm



s. título 2014
acrílica, lapis e nanquim sobre papel
40x30 cm


s. título 2014
acrílica, lapis e nanquim sobre papel
40x30 cm


s. título 2014
acrílica e nanquim sobre papel
40x30 cm


s. título 2015
óleo sobre tela
27x23 cm


s, título, 2014
óleo e colagem sobre tela, 166x94cm

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

terça-feira, 31 de maio de 2011

domingo, 10 de abril de 2011

http://www.otempo.com.br/entretenimento/ultimas/?IdNoticia=167157%2COTE

Aquário dos Animais- Galeria de Arte da CEMIG- 30/03


Sobre a exposição “Aquário dos animais” (Thais Rivitti)

De onde vem essas figuras estranhas que habitam as pinturas de Tatiana Cavinato?
Onde essas criaturas vivem? Como se atrevem a surgir na tela, assim, de chofre, com tão poucas referências ao mundo cotidiano, às ruas de grandes metrópoles contemporâneas, às imagens publicitárias, a programação da TV, aos personagens mais ou menos banais que nos habituamos a encontrar por aí?
Essas pinturas nos provocam. Contrariam, de certa forma, um caminho profícuo aberto também por outros jovens pintores: o de recolher imagens comuns, da internet ou de câmeras de vigilância, por exemplo, e transportá-las para o interior do campo pictórico. As pinturas de Tatiana quase nos indignam. Como se ainda fosse possível simplesmente inventar um mundo paralelo, com bichos fantásticos, seres excêntricos e paisagens irreais. Como se nosso imaginário – e o da artista também, por que supor diferente? – não estivesse colonizado pelo empobrecido universo da cultura imagética no qual vivemos, assistindo a uma sucessão de imagens facilmente codificadas, tratadas, já prontas para o consumo. Como se ainda fosse possível para um artista pintar cenas de lugares exóticos, afastados, distantes da civilização como fez Gauguin no Taiti. Como se fosse possível, ainda, para a pintura, alcançar uma dimensão humana subjetiva, psicológica, profunda como pretenderam alguns pintores expressionistas. Como se o decorativismo de Matisse não tivesse sido capturado pela industria, hoje sendo encontrado em diversos produtos à disposição no mercado. E finalmente como se a cor estridente, não naturalista, das telas fosse capaz de nos mobilizar, logo a nós que já nascemos com lógica da arte pop incorporada. Pensem nas infinitas imagens de Marilyn Monroe que Warhol reproduzia em suas serigrafias “pintando-as” ora de rosa, ora de azul, prateado e por aí em diante.
Nesse conjunto de obras, seres mitológicos e animais convivem com formas quase humanas: cavalos coloridos (mais uma remissão, dessa vez a Chagall que, sem dúvida, os quadros de Tatiana suscitam), as pombas estilizadas, feras com dentes afiados. E, nessa profusão de figuras, encontramos novamente temas clássicos da pintura, muitos deles, aliás, caros a própria arte moderna que os revisitou com frequência. Dos faunos dançando (estariam ensaiando a dança de Matisse?) às modelos posando, deitadas em camas ou sentadas em bancos.
Aos poucos, percebemos que a jovem artista mineira mobiliza, em sua primeira individual em São Paulo, um amplo repertório da pintura. Mais especificamente, talvez, da pintura moderna, as obras-primas de seus grandes mestres”, são suas principais fontes. E há algo corajoso nessa tomada de posição, nesse gesto de recuperação, que acaba por nos sugerir que esse material todo ainda per­manece vivo, não foi suplantado pelas constantes reviravoltas da história da arte. A primeira impressão, a de que seria uma espécie de homenagem da artista ao que se produzia no início do século, assumindo ares francamente conservadores, é desconstruída no contato com as obras.
As telas originalmente foram feitas para serem exibidas sem chassis, como panos esticados diretamente sobre a parede. Na exposi­ção, elas foram coladas em outras telas, comuns, pintadas com cores escuras, para serem expostas de modo mais convencional, mas que deixa entrever a intenção inicial de Tatiana. A artista usa tinta acrílica, e não a convencional tinta a óleo, e isso já a distancia da grande tradição da arte. Seu modo de pintar é displicente, quase permissivo.
Grandes trechos de alguns trabalhos ficam sem tinta, como se estivessem inacabadas. A artista coloca em cena “maneiras” variadas, cada uma associada a um dos movimentos de vanguarda: pinceladas à maneira impressionista, cores à la faüve, ambientes cubistas, construídos sem a tradicional perspectiva clássica. As referências aparecem a todo momento, como citação, rebaixados a condição de “segunda geração”. Em alguns casos, palavras são escritas em cima da pintura, como pichações que depredam monumentos.
A reencenação, estratégia bastante conhecida do público que acompanha as artes visuais hoje, adquire aqui importância funda­mental. A pergunta que surge diante dessa constatação é: afinal, por que reencenar os clássicos? Por que nos apresentar ainda esse repertório já conhecido da pintura moderna em novas roupagens (mais despojada, mais à vontade, menos rigorosa). O mercado responde a essa pergunta com uma afirmação simples: remakes de filmes antigos, ou remixes de músicas conhecidas são um produto certeiro.
Enquanto a sucesso do original assegura que o tema tem forte apelo junto para o presente, e vice-versa). Nesse movimento, algo impalpável, nos melhores momentos, sobrevém em forma de frescor e insubordinação bem humorada. Uma vocação – mo­derna por excelência – de retomar uma tradição que parecia já encerrada. Nas pinturas de Tatiana Cavinato talvez possam ser entendidas como um convite a entender o modernismo de outra forma, perceber ali potencialidades ainda ocultas. Ou ainda como o enfrentamento de ao público, as modificações “atuais” fazem a tradução da linguagem “do passado” para os mais jovens, acostumados ao contemporâneo. Uma receita sem muitos riscos. Mas esse certamente não é o caso das pinturas que vemos em exposição. O compromisso da artista não é com o mercado. A tradição moderna é tematizada, é o lugar de onde vem as figuras e paisagens que aparecem nas telas.
“Aquário dos animais”, o título escolhido para a mostra, faz menção a esse espaço apartado, e de certa forma isolado – o aquário. As pinturas talvez nos façam pensar que há algo nas “grande pinturas” das vanguardas que não se esgotou, que ainda vive, mes­mo que confinado, sob o signo de “tradição”, “passado” ou de “arte moderna”. Distantes daquilo que usualmente identificamos como contemporâneo, elas nos exigem esse movimento de vai-e-vem do passado um impasse histórico posto a todos aqueles que trilham o caminho da arte.

Thais Rivitti









quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011






“Em seu clássico 'La condition postmoderne', Jean François Lyotard nos lembrava que o saber científico não é todo saber. No início da noite do século XX ele remar­cou a existência do ' saber narrativo', repositório dos costumes, da identidade e da organização das culturas. Com valor evidente em sociedades que rotulamos de primitivas, este saber narrativo foi quase um motivo de vergonha para a cultura ocidental que tanto se esforçou para travesti-lo com uma roupagem racionalista que simplesmente não lhe serve.
Um pensamento que parece ganhar momento em nossos dias considera que, assim como a pesquisa básica em campos como a física ou biologia é o que alimenta as tecnologias, endereçadas ao mundo das coisas, a Arte constitui o campo de expe­rimentação do saber narrativo é nela que valores e novas formas de se pensar as relações humanas fazem sua primeira entrada em nosso ambiente social.
O estranhamento que experimentamos diante dos trabalhos de Tatiana Cavinato, tem este sabor de se arriscar para além das fronteiras do conhecido. Nosso espírito 'testa', experimenta esta confusão entre papeis masculino/feminino, humano/ani­mal ou moral/imoral e vai na verdade muito além daquilo que podemos identificar e nomear.
O simples 'representar' não é nada. É a sua forma de pintar, trabalhar as cama­das de tinta, compor, exibir, misturar refinamento e precariedade que desnorteiam nossa percepção e acoplam novos significados, para os quais, a única maneira de atingi-los é esta: a Arte’’.

«Wagner Lungov

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Aquário dos animais




s. título, 2009
acrílica sobre tela
56 x 41 cm 



s. título , 2009
acrílica sobre tela
31 x22 cm


                                                  
s. título, 2009
acrílico sobre tela
29 x22 cm



s. título, 2009
acrílica sobre cartão
49 x40 cm 



s. título, 2009
acrílica sobre cartão
49 x40 cm 



s. título, 2009
acrílica sobre cartão
49 x40 cm 



s. título, 2009
acrílica sobre cartão
49 x40 cm 



s. título, 2009
acrílica sobre tela
36 x29 cm 



s. título, 2010
acrílica sobre tela
85 x20 cm 


s. título, 2009
acrílica sobre tela
50 x 20 cm 


s. título, 2009
acrílica sobre tela
56 x70 cm 



s. título, 2010
acrílica sobre tela
54 x72 cm 



s. título, 2011
acrílica sobre tela
79 x106 cm




s. título, 2011
acrílica sobre tela
73 x105 cm


A grande oferta, 2011
acrílica sobre tela
86 x51 cm


s. título, 2010
acrílica sobre tela
88 x63 cm 


s. título, 2010
acrílica sobre tecido
102x73 cm 



s. título, 2010
acrílica sobre tela
63 x75 cm 



s. título, 2010
acrílica sobre tela
49 x71 cm 



Aquário dos animais, 2010
acrílica sobre tela
99 x86 cm 



s. título, 2010
acrílica sobre tela
79 x75 cm 



s. título, 2010
acrílica sobre tela
79 x80 cm 



s. título, 2010
acrílica sobre tela
45x58 cm 


s. título, 2010
acrílica sobre tela
67x79 cm 



s. título, 2010
acrílica sobre tela
83 x105 cm 


“Isola!”
Malinowski me deixa contrariado quando leio sobre o conceito de magia. O antropólogo defende a prática como algo extraor­dinário e não-cotidiano nas sociedades dos “selvagens”, de forma que a magia é o artefato a que se dispõe nos momentos mais incertos e duvidosos. Ela interfere na vida das pessoas com a possibilidade de solucionar e viabilizar explicações que não se bastam no universo da sabedoria e análise desses povos. Sabemos que Malinowski foi criticado e revisado por numerosos antropólogos e cientistas sociais do século XX, e a sua posição sobre o magismo primitivo também. Considero importante verificar a base de todo o pensamento científico como uma forma de entendimento da análise do tempo em que a teoria fora lançada, como material de estudo do desenvolvimento do pensamento humano, e numa característica um pouco fatalista, imagino a reação das pessoas em torno de devidos conceitos e tabus, que incensados pelo conhecimento e a ciência (quase sempre errante e perigosamente passiva), recorrem ao turbilhão de comportamentos “adequados” ao seu tempo; algo que reside no mais humano dos dons – a consciência. Abomino então toda e qualquer expressão que sugere que alguma pessoa/coisa “está à frente de seu tempo”.
Mas a magia. Não seria um ato cotidiano, bem absorvido, difundido e muito vasto mundo afora? E não é também algo que paira entre o ordinário e o especial; que celebra e tem diversas intenções, interpretações? A magia foi mitificada e ao mesmo tempo, desnudada. Entre figas, olhos gregos ou turcos, o ato de tocar três vezes na madeira e dizer “isola!”, esses amuletos e palavras aparentemente inocentes e adotados carinhosamente pela nossa linguagem corporal brasileira, sul-americana, mundial. Truques que se amontoam ao nosso repertório de significados. Isso não é o interesse pelo ocultismo ou práticas místicas antigas, mas a maneira como algo disso tudo passou a existir nas vidas mais materialistas ou religiosas, mas bem improváveis. A magia que trato aqui é caseira, às vezes desleixada.
Aquário do mundo
Tatiana Cavinato me chama para dizer o que ouviu: o mais profundo é a pele. Quando começamos a conversar sobre as pinturas que compõem essa exposição eu já sabia o que queria dizer a ela, mas ainda havia algo para complementar todas aquelas palavras que guardo desde 2008 e dos desenhos da sua exposição Self- Service.
O contexto urbano e público aqui não é essencialmente masculino, por isso não guarda o que há de feminino apenas no ambiente doméstico e privado. As figuras não necessitam de limitações de gênero, porque são mascaradas e livres, máscara para mostrar e não para esconder.
Toda a cena se configura aos poucos após a primeira ação que é pintar, dar cor. E ela me diz que a figura faz influenciar a cor, por­que não surge como imagem pronta. Nós procuramos a ironia por causa da minha necessidade em ver a gentileza que as imagens me sugerem e a naturalidade que tudo se apresenta.
Observadora da rua, da linguagem e dos sentidos e fins que as pessoas querem ou não dar a suas falas e gestos. A acidez está na subversão desse observar, que vai de encontro com a sua narrativa pessoal e onisciente na imagem. Entra na história que vai con­tar.
Os trabalhos são feitos geralmente à noite, com música, em um ateliê cercado de árvores e guardado por cachorros agitados. Como se um filme mudo passasse veloz, mesmo na hora em que as frases estão estampadas na tela. Gera a distorção de dentes desejosos de fecundar bocas excitadas, com os braços e corpos às vezes tensos ou bem calmos. Machos e fêmeas são deslocados pelo som da música, o carnaval que chega, a máscara que não desgrudaria da cara. Não se trata de uma festa terrena, pode ser que tudo seja espiritual. Não há problema sobre a sexualidade. Apenas tolerância.
Essa questão entre espiritualidade e cultura popular não se encontra somente no onírico. Ela é o reflexo do tempo e da memória; para quem se observa e no mesmo ambiente retrata duas figuras em posições diferentes, em corpos distintos e uma única perso­nalidade, consciência. Sem pretender explicar tudo ou tornar qualquer sugestão exagerada, essas pessoas retratadas numa ma­quiagem evidente querem manifestar um desejo do corpo de transcender entre e dentro de si. Vorazes e gentis nos assistem com uma perplexidade muda, jeito de saber os nossos caminhos.
Mauro Figueiredo

O novo e o ‘antigo’ homem
“a cor, pulsão de vida, assinala nessa pintura a passagem ao ato e o lugar do ato” Louis Cane
Em encontros espontâneos, se fundem e se confundem seres exóticos, elementos da natureza e do humano - o novo e o antigo homem se misturam. Novo, porque parte da transformação, o hibridismo do homem, homem-bicho, homem-coisa, a existência (precedida pela arte) de um novo ser que surge da infinidade de possibilidades com as quais o ser humano se depara todos os dias. Antigo porque traz a tona questões que permeiam a humanidade desde os seus primórdios, homem-primitivo. O nascimento, a gula, os dentes e pulsões, evidenciando aspectos inerentes à investigação da condição humana; instintos básicos e atemporais.
A simplicidade da forma, existente em alguns trabalhos, poderia ser comparada a ‘bad painting’ dos anos 80 se formos ressaltar a presença da ironia, que brinca e descarta questões da própria pintura. Ou nos remeter à outras correntes originadas no século XX como a “Fantasia” no que diz respeito ao domínio da imaginação, abstraindo ao máximo o mundo real, trazendo à tona toda a espontaneidade do artista diante de uma tela. Poderíamos ainda pensar sem hesitar, nos vestígios do expressionismo alemão, ou no neo- figurativo. Há sim inúmeras referências que perpassam as obras mas não esgotam a liberdade com que os elementos são utilizados ora sim, ora não, conforme melhor convir à cada situação.
Segundo a artista, a pintura não tenta ser acabada, ela fica no processo, no instante da criação. Vestígios do acúmulo de tentativas, o jogo e o trabalho do pintor culminando no extrapolar os limites do quadro, os limites do corpo, da realidade. Momentos de choque e carícia na constatação de que todos nós, humanos, temos maneiras semelhantes de colocar para fora nossas experiências mais secretas. A omissão, a simplicidade da forma em dias carregados de um certo mutismo.
O ser humano físico aqui surge como um intermediário entre o mundo psicológico interno e o universo exterior, nú, com todas as suas fragilidades e livre de pudores ou amarras. O que é a arte senão a extensão do ser, seus desejos mais obscuros seus caminhos mais secretos?
Ana Luiza Neves

Texto publicado no catálogo da exposição Aquário dos Animais 2011